Habitus, ou hexis no aparelho conceptual aristotélico, foi um conceito popularizado na sociologia por Pierre Bourdieu, e que consistiu num desafio ao clima estruturalista que reinava as ciências sociais na época, e que reduzia o agente social a um mero receptáculo de uma estrutura social hipostasiada que o estruturava inexoravelmente, sem que o inverso se consolidasse.
Visto que o Habitus implica um conjunto de disposições incorporadas num indivíduo, que são mais ou menos duráveis, mas nunca eternas ou estáticas, o sujeito é interiormente constituído por um “mundo” que se situa noutro mundo mais amplo (o mundo social), e como tal, é composto por categorias de juízo e ação, que resultam das primeiras práticas moldadas pela educação e do meio onde se insere, e que estão em constante diálogo ou fricção com as novas forças externas (campos de poder) que vão surgindo na sociedade.
O Habitus quebra assim, com esta dualidade mecanicista entre sociedade e sujeito, pois restitui ao agente social o primado da razão prática, quer dizer, as suas capacidades de criação e invenção, que podem ser entendidas como uma estratégia de contestação às estruturas estruturantes, isto é, um modo de também o agente estruturar essas mesmas estruturas.
References:
Bourdieu, Pierre (2011), O Poder Simbólico, Lisboa, Edições 70