Guilherme I de Inglaterra

O Bastardo, o Conquistador, foi por estes cognomes que Guilherme ficou conhecido na história. Conquistador de Inglaterra e Duque da Normandia.

Nasceu no castelo de Faleise (Normandia), no ano de 1029, viria a falecer em 1087 na cidade normanda de Ruão. Filho ilegítimo do Duque da Normandia, Roberto I, com a sua amante Herleva, teve dificuldades em consolidar o poder após a morte do pai. Roberto era solteiro, e embora Guilherme fosse o primeiro na linha de sucessão, por não ser um filho legítimo, nascido a partir de um casamento católico, deixava a sua pretensão ao ducado mais fraca.

Embora Roberto tenha feito os nobres normados jurarem fidelidade a Guilherme após a sua morte, o ducado caiu no caos em 1035, aquando da sua morte em Niceia, ao regressar de uma peregrinação à Cidade Santa de Jerusalém.

Guilherme era ainda criança quando o seu pai morre, viu muitos dos seus protectores serem mortos, mas graças a apoio de Henrique I, Rei de França, consegue finalmente estabilizar o ducado em 1047, na batalha de Val-ès-Dunes, após 12 anos de instabilidade e confrontos com a nobreza normanda e condados vizinhos. Instaura, períodos, dias de paz obrigatória – Tréguas/Paz de Deus.

Na época medieval, as alianças eram muito voláteis, Henrique I, receoso do crescente poder de Guilherme, alia-se contra os seus inimigos. O duque normando conseguiu, repelir diversas investidas do monarca francês no seu território. Com a morte de Henrique em 1060, Guilherme estabiliza definitivamente o seu poder quer internamente quer externamente, podendo focar-se noutros objectivos.

Pelo grau de parentesco, primo directo, e pelo tempo que Eduardo, O Confessor, esteve exilado na Normandia, Guilherme via-se como um pretendente ao trono inglês, baseando igualmente essa pretensão na suposta nomeação enquanto sucessor de Eduardo, por parte deste.

Com a morte de Eduardo no início de 1066, intensifica-se a luta pelo trono inglês. Guilherme por um lado, Haroldo por outro, e Haroldo Hardrada. Por ser anglo-saxão, e da família mais proeminente de Inglaterra (Godwinson). Haroldo foi eleito Rei pela corte inglesa logo após a morte de Eduardo. Esta nomeação precipitou o conflito, culminando em duas batalhas, Stamford Bridge e Hastings.

Ainda no ano de 1066, Guilherme reúne um exército e invade a Inglaterra. Na batalha de Hastings defronta o Rei anglo-saxão Haroldo, que havia enfrentado e derrotado poucas semanas antes, outro pretendente ao trono – Haroldo Hardrada na batalha de Stamford Bridge. Em Hastings Haroldo é derrotado e morto

Mesmo após a morte dos rivais ao trono inglês, o clero e nobreza inglesa não entregaram o trono a Guilherme, o trono era anglo-saxão não podia ser entregue a estrangeiros segundo a visão da Igreja e nobres ingleses. Após conquistar diversas praças importantes e assegurar o controlo sobre o tesouro inglês, Guilherme marcha para Londres, pilhando e queimando todo no seu caminho. Mediante este cenário não restou outra opção aos ingleses senão coroar o duque normando, torna-se assim Guilherme I, Rei de Inglaterra, no dia 25 de Dezembro de 1066 na Abadia de Westminster.

De forma a consolidar o poder em Inglaterra, o novo monarca, manteve a posse de terras, privilégios, e títulos de muitos nobres. Manteve a estrutura administrativa inglesa, colocando apenas nos mais altos cargos administrativos, homens da sua confiança. A Igreja manteve as suas posições e terras, constituindo um foco agregador e consolidador do novo soberano inglês. Apenas retirou terras e privilégios à família de Haroldo e de quem se tinha aliado com este na batalha de Hastings. Esta estratégia resultou parcialmente, foi possível manter grande parte do território controlado, mas noutras zonas como Dover, isso não foi possível. Assim Guilherme mandou edificar um conjunto de castelos que permitiam obter um controlo musculado sobre o território.

Teve igualmente que enfrentar uma revolta no norte por parte de Edgar, o Atelingo. Edgar aproveitou a invasão do Rei dinamarquês, Sueno, para aliar-se a este e tentar destronar Guilherme. Ao subornar o rei dinamarquês, Guilherme quebrou esta aliança, perseguiu os revoltosos pelo norte, queimando, destruindo, pilhando até Shrewsbury, onde derrotou os contestatários.

A década de 70 foi, de constante sobressalto para Guilherme, com conflitos constantes, tanto em Inglaterra, com revoltas no norte, com conflitos com o Rei escocês, com invasões vikings, mas também por conflitos no ducado da Normandia e condados circundantes. Guilherme dividida o seu tempo entre a Inglaterra e Normandia, solucionado os mais diversos conflitos e questões à medida que surgiam.

Com as sucessivas revoltas e conflitos em Inglaterra, Guilherme alterou a sua política, atribuindo a maioria das terras a nobres normandos e continentais, procurando desta forma estabilizar e controlar o território inglês. Procedeu a reformas administrativas e culturais.

Guilherme morreu em 1087, deixando a Inglaterra muito mais próxima do continente europeu. Mudou radicalmente o caracter anglo-saxão da Inglaterra, numa espécie de europeização do Reino inglês, através de reformas religiosas, administrativas, fiscais, linguísticas etc.. Este aproximar com o continente, em especial com a França, acaba por marcar o que seria o resto da época medieval, com conflitos constantes entre estes dois reinos. Guilherme colocou a Inglaterra, no mapa politico europeu. A sua sucessão foi complicada, originando um conflito entre os seus filhos, Roberto e Guilherme.

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References:

BALARD, Michel (et alii); A Idade Média no Ocidente: dos Bárbaros ao Renascimento, D.Quixote, 1994

ÁLVAREZ PALENZUELA, Vicente (Coord.); Historia Universal de la Edad Media, Ariel, 2002

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