Simone de Beauvoir

Biografia de Simone de Beauvoir: Simone de Beauvoir foi uma escritora, filósofa e feminista francesa e dos maiores expoentes da filosofia existencialista…

Biografia de Simone de Beauvoir

Simone de Beauvoir foi uma escritora, filósofa e feminista francesa e dos maiores expoentes da filosofia existencialista, embora tenha existido uma tendência para a considerar uma mera discipla de Sartre.Partilhou a vida com o filósofo francês Jean-Paul Sartre, mas nunca se casaram, apesar de Sartre ter proposto Beauvoir em casamento em 1931. Nasce em 1908 em Paris, estuda num liceu católico onde lê os clássicos da Filosofia medieval e outros filósofos moderno, como René Descartes, Immanuel Kant e Jean-Jacques Rousseau. Estuda Filosofia em 1927 na Sorbonne, em Paris, e aí completa uma tese sobre Leibniz, depois de ter completado estudos em Matemática. Em 1929 completa o difícil exame de agregação na École Normale Supérieur de Paris e torna-se a mais jovem professora de Filosofia em França, apenas com 21 anos. A partir daí ensina em Liceus em Marselha, Rouen e Paris, até a ser dispensada pelo poder Nazi, que havia ocupado a França, em 1941.

Depois de retornar ao ensino é dispensada novamente em 1943, ano em que escreve o seu primeiro romance A convidada, um “romance metafísico”, repleto de reflexões sobre as nossas relações com o tempo, os outros e nós próprios. Aí relata, em forma de ficção, a sua relação com Sartre e uma estudante sua. É a primeira grande enunciação dos seus príncipios filosóficos. Inaugura assim a prática de expor conceitos filosóficos em romances e peças, um método que partilha com Sartre. Esteve envolvida na Resistência francesa e funda, juntamente com Merlau-Pointy, Raymond Aron, Sartre e outros intelectuais a revista Les Temps Modernes (em referência ao filme clássico de Charlie Chaplin), ainda publicada hoje em dia.

O seu trabalho divide-se em duas correntes fundamentais, ainda que interligadas: o existencialismo e o feminismo. Os dois trabalhos de leitura essencial são A Ética da ambiguidade e o Segundo Sexo.

No primeiro, publicado em 1947, depois da experiência do mal absoluto nazi, Beauvoir argumenta que é preciso, na vida, tomar um partido. Argumenta também que sem Deus ou princípios metafísicos superiores, não existe um significado predeterminado para a vida e que a liberdade que a humanidade dispõe ganha sentido segundo aquilo que fazemos. No entanto, isto não significa que se deva adoptar uma atitude nihilista, segundo a qual nada importaria. A vida tem um sentido, mas o ser humano é livre e tem a responsabilidade, sozinho, de o encontrar, daí a ambiguidade nos valores e significados que Beauvoir defende. Não havendo um sistema de absolutos e de certezas, mas procurando evitar uma queda para o sem sentido total, Beauvoir relembra que o ser humano é, neste caso ainda mais, responsável pelas suas acções. Beauvoir oferece uma ética de esperança existencial, um guia para a navegação no mundo sabendo que o ser humano não pode nunca ser Deus, criador de sentido, e propõe, ao invés, projetos éticos que reconheçam os limites humanos e o futuro como uma obra em aberto.

Esta ética da ambiguidade é também importante na sua teorização feminista. O existencialismo, como filosofia, nunca se conseguiu afastar de um Homem que não era “universal”, mas sim o homem (branco). Daí a importância do pensamento de Beauvoir da mulher como o “Outro” absoluto e da sua frase mais conhecida: “não se nasce mulher, torna-se mulher”. No seu livro Segundo Sexo, reconhecido com um dos 100 livros mais influentes do século XX e lido à época como “indecente”, Beauvoir não nega o sexo biológico, mas afirma o género como uma construção social, difundida no dia a dia, nas políticas públicas e nas concepções teóricas, que cria uma imagem da mulher como “naturalmente” inferior, um ângulo de análise fundamental para a teoria feminista. É polémico, ainda hoje, pois funciona tanto como uma denúncia da sociedade patriarcal, como uma responsabilização das mulheres por não conseguirem assumir a sua liberdade.

Na sua obra e vida, a conjugação do existencialismo e feminismo nunca seria abandonada. Torna-se diretora editorial da revista Questions Féministes (que se tornaria Nouvelles Questions Féministes) e presidente da Liga dos Direitos da Mulher. Em 1971, assina o manifesto das 343 salopes no jornal Le Monde, onde, juntamente com outras 342 mulheres, confessa ter abortado e reclama a legalização do aborto. Continuaria igualmente a editar livros, revistas e peças de teatro. Morre em 1986, 6 anos depois da morte do seu companheiro Jean-Paul Sartre.

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