Abner refere-se a um personagem bíblico que aparece relacionado com o governo de Saúl, e portanto, aparece no Livro de Primeira de Samuel, tendo também uma participação nos acontecimentos iniciais citados em Segunda de Samuel. O seu nome significa Pai é uma Lâmpada. Era um benjaminita, portanto, israelita da Tribo de Benjamin. A Bíblia identifica-o em Primeira de Samuel como comandante do exército de Saúl e tio deste rei, o primeiro de Israel.
A Primeira de Samuel 14:50,51
“E o nome da esposa de Saul era Ainoã, filha de Aimaás, e o nome do chefe do seu exército era Abner, filho de Ner, tio de Saul. E Quis era o pai de Saul, e Ner, pai de Abner, era filho de Abiel.”
Contudo, Flávio Josefo, historiador judeu do primeiro século na sua obra Antiguidades Judaicas referencia Abner como sendo primo de Saul, e dos seus pais Ner e Quis, como sendo irmãos. Contudo, apesar desta possibilidade ser real e admitida pela fraseologia em hebraico de 1 Samuel, o registo bíblico parece favorecer a ideia de que Abner era tio de Saul. Isto por causa do que o relato paralelo diz. No Primeiro Livro das Crónicas 8:33 e 9:39 reza o seguinte:
“Quanto a Ner, tornou-se ele pai de Quis; Quis, por sua vez, tornou-se pai de Saul; Saul, por sua vez, tornou-se pai de Jonatã, e de Malquisua, e de Abinadabe, e de Esbaal.”
Por causa deste relato, favorece-se a ideia de que Ner era pai de Quis e de Abner, e isto tornaria Abner Tio de Saul.
Abner serviu como chefe do exército de Saúl e a sua força combatente, chegou a assumir grandes proporções, com mais de 200 mil homens. Também, ele fazia parte daqueles que tinham o privilégio de se sentar na mesa do Rei, junto com Jonatã e Davi. Apesar das suas excelentes características como guerreiro, David censurou-o pela sua falha em proteger o Rei, enquanto David era fugitivo no ermo de Zife. David censurou-o porque conseguiu com alguma facilidade chegar até o Rei o que indiciava que Abner havia falhado em proteger devidamente a pessoa de Saul. Tal repreensão pode ser lida em 1 Samuel 26:14-16.
“E Davi começou a chamar o povo e a Abner, filho de Ner, dizendo: “Não respondes, Abner?” E Abner começou a responder e a dizer: “Quem és, que estás chamando o rei?” E Davi prosseguiu, dizendo a Abner: “Não és homem? E quem há como tu em Israel? Então, por que não vigiaste sobre o teu senhor, o rei? Pois, chegou alguém do povo para arruinar o rei, teu senhor. Não é boa esta coisa que fizeste. Por Jeová que vive, vós mereceis morrer, porque não vigiastes sobre o vosso senhor, sobre o ungido de Jeová. E agora vede onde estão a lança do rei e a bilha de água que estavam junto à sua cabeça.”
A sua posição de confiança pode também ser vista um pouco antes, quando Saul dialoga brevemente com Abner quando viram David a derrotar Golias com uma funda e uma pedra.
Após a morte de Saul, Abner retirou-se para Gileade e levou Is-Bosete o Filho de Saul. Assim, apesar de David ter sido proclamado Rei em Hébron, Abner conseguiu que Is-Bosete fosse apoiado pelas restantes tribos e estabeleceu-o como Rei no restante Israel.
Depois de um período de instabilidade os dois exércitos, encontraram-se a meio caminho entre Hébron e Manaaim. O exército de David era comandado por Joabe e o de Is-Bosete por Abner. Em Gibeão Abner e Joabe concordaram em competir entre eles. Isso resultou numa matança mútua, havendo 18 soldados mortos de Abner para 1 de Joabe. Isto levou a que recuassem em direção ao deserto. Nesta fuga, Asael, irmão de Joabe perseguiu Abner, que pediu-lhe que retornasse de segui-lo. Ao rejeitar os constantes avisos de Abner, Asael foi morto por este. Talvez Abner almejasse o trono visto que teve relações com concubinas de Is-Bosete, o que despertou a sua fúria. Com isto, ele trocou de lugares e passou a apoiar Davi, o que levou ao declínio de Is-Bosete. Parece que Joabe ainda conservava mágoa contra Abner e assim que teve oportunidade, conjurou um plano junto com o seu irmão para eliminar Abner. Joabe, ausente numa incursão, voltou, e, depois de denunciar Abner como espião conspirante, o chamou pessoalmente de volta e engodou Abner a uma situação em que pôde matá-lo.