Conceito de PANC
A inclusão de vegetais em nossa dieta já é de longa data. Embora nosso organismo não tenha capacidade para digerir a celulose (principal componente da célula vegetal), os vegetais têm grande importância em nossa nutrição por nos oferecerem diversas vitaminas e sais minerais. Contudo, a variedade de plantas aptas para consumo humano não se restringe àquelas que encontramos nos supermercados. Há espécies que não são tão populares, algumas nem sequer têm seu valor nutricional reconhecido por muitas pessoas. Essas são as PANC, sigla que significa Plantas Alimentícias Não Convencionais.
Esse termo foi criado pelos pesquisadores Valdely Kinupp e Harri Lorenzi que catalogaram várias espécies no livro Plantas Alimentícias Não Convencionais no Brasil, publicado pela editora Plantarum. Pode ser considerado PANC tanto uma planta inteira quanto somente alguma parte dela cujo consumo ainda não era reconhecido. Por exemplo: a capuchinha (Tropaeolum majus) era utilizada somente para ornamentação devido à beleza de suas flores, mas descobriu-se que todas as partes da planta são comestíveis. Outro exemplo é a beterraba, na qual geralmente só utilizamos a sua raiz em forma de tubérculo na alimentação enquanto suas folhas muitas vezes são descartadas, mas que podem (e devem) ser consumidas devido ao alto valor nutritivo que possuem. Até mesmo estágios de maturação são critérios para classificação: a banana é popularmente consumida quando está madura, mas sua condição imatura também pode ser utilizada na culinária embora essa utilização não seja tão difundida. Por esse motivo, a banana verde também pode ser considerada PANC.
Capuchinha.
Foto: Eduardo Pigozzi.
No entanto, a nutricionista Neide Rigo já pesquisava essas plantas muito antes desse termo aparecer. Na verdade, nenhuma planta será PANC para sempre: essa condição pode mudar quando a planta atingir grande popularidade entre os consumidores. Além disso, muitos vegetais podem ser considerados PANC em uma região sendo que são populares em outra região, como é o caso do umbu (Spondias tuberosa), um fruto amplamente consumido no Nordeste brasileiro, mas que no estado de São Paulo é considerado PANC.
O conhecimento das PANC é importante para a preservação desses vegetais que muitas vezes são espécies nativas cujas importâncias não são devidamente reconhecidas, além de serem ótimas opções que enriquecem a nossa gastronomia.
