Conceito de Prana
A palavra prana significa respiração. Trata-se de um vocábulo com origem no Sânscrito e que, num sentido mais lato, significa ‘sopro de vida’ ou ‘energia vital’. Assim, prana refere-se à energia vital que permeia todos os seres.
As práticas compreendidas no Ioga ensinam a executar o pranayama (de prana), ou seja, o controlo da respiração. Através dos exercícios de pranayama, o praticante procura aumentar a amplitude da respiração e melhorar a eficiência da inspiração e da expiração. Os antigos associavam a prática de pranayama à expansão da energia vital como forma de energizar e nutrir o corpo de maneira mais completa. Havia até mesmo a crença de que através do pranayama se podia atingir a imortalidade. Estes exercícios estão associados à capacidade de rejuvenescer o indivíduo, tanto ao nível do corpo como da mente.
Nos Vedas, antigas escrituras indianas, o prana é descrito como sendo uma força vital universal ou um poder vibratório, o que está associado à crença de que a criação do Universo foi precedida pelo som e que a vibração sonora OM mantém a coesão da realidade.
Numa parte desses textos antigos, os Upanixades, o prana é referido como sendo um epíteto da alma (atman). Nos Vedas, há diversas referências à relação entre o prana e os cincos órgãos do eu e as respectivas forças naturais: fala (fogo), respiração (vento), visão (Sol), audição (Lua) e pensamento (os quatro pontos cardeais).
O prana flui entre cinco regiões respiratórias, com localizações em diferentes zonas do corpo: prana, apana, samana, udana e vyana. A respiração ascendente é a prana, que inclui a inalação e a exalação, e vai desde a garganta até ao coração. A apana localiza-se abaixo do umbigo e a sua função é exercida sobre a saúde do intestino grosso e no auxílio da perfeita excreção dos resíduos. Por vezes, prana é referido como sendo relativo especificamente à inalação e apana à exalação. A samana pertence à região que está entre o coração e o umbigo, sendo responsável pela digestão. A udana corresponde à respiração alta e vai desde o cérebro até à garganta, exercendo função sobre o rosto, olhos, ouvidos, fala e cérebro. É uma região que rege os mais elevados estados da consciência. Por fim, a vyana permeia todo o corpo e mantém o equilíbrio da energia e do movimento.
O pranayama é o quarto ramo de oito do Ioga Raja de Pantajali, pertencentes ao seu Yoga Sutra (século II a. C.). De acordo com a prática do pranayama, o prolongamento da retenção do ar inalado prolonga a vida e desperta a serpente de kundalini. Esta prática fornece uma ferramenta fundamental para o praticante de Ioga – o controlo da mente.
O pranayama compreende três etapas: inalação, retenção e expiração, através dos nadi, os canais formados pelas narinas esquerda e direita. O canal esquerdo, ida nadi, está associado à Lua e à energia feminina, morte e tons vermelhos. É considerado refrescante, exercendo a sua influência sobre o pensamento e o lado esquerdo do corpo. O canal da narina direita, pingala nadi, está ligado ao Sol e à cor branca, ao lado masculino e à vida. É considerado ‘aquecedor’. Controla o lado direito do corpo. A prática de pranayama estabelece o equilíbrio entre os dois canais que, quando atingido, eleva o espírito à iluminação e promove a saúde e a longevidade.
References:
Waterstone, R. (1995). Living Wisdom India.