Bacillus anthracis
O Bacillus anthracis foi a primeira bactéria identificada como sendo responsável de uma doença, tendo sido descoberta em 1850 por Pierre Rayer e Casimir Davaine. É o agente etiológico da doença conhecida como carbúnculo (ou antraz). O seu nome deriva da palavra grega ánthrax ( ἄνθραξ ), que significa carvão, pelo fato da forma cutânea do carbúnculo (a mais comum) formar escaras cutâneas com crosta negra. O papel do Bacillus anthracis no carbúnculo assim como a sua transmissão ao homem foram amplamente estudados por Robert Koch que foi o primeiro a conseguir isolar este bacilo de amostras de sangue contaminadas e cultivá-lo em culturas puras.
O Bacillus anthracis infeta quer animais domésticos, encontrando-se frequentemente em rebanhos, quer animais selvagens. O ser humano pode ser contaminado através do contacto direto com animais ou tecidos infetados ou pela exposição direta à bactéria ou aos seus esporos.
Características gerais
Esta é uma bactéria Gram-positiva pertencente ao género dos bacilos, género que possui a forma característica de um bastão. As suas dimensões variam de 1 a 1,5 de diâmetro por 3 a 5 µm de comprimento. Encontram-se isoladas ou dispostas em cadeia e são imóveis. São anaeróbias facultativas e produzem esporos resistentes.
O genoma do Bacillus anthracis é constituído por um cromossoma de 5,2 milhões de pares de bases que codificam cerca de 5508 proteínas. No cromossoma encontram-se os genes housekeeping responsáveis por funções de base tais como a replicação do DNA ou o metabolismo dos ácidos gordos. Por sua vez, os fatores de virulência são codificados por genes situados nos plasmídeos pXO1 e pXO2. Estes fatores de virulência são uma cápsula de proteção que envolve o bacilo e o protege da fagocitose, impossibilitando deste modo o trabalho do sistema imunológico do hospedeiro, e a produção de toxinas potentes.
Em condições adversas, fora do hospedeiro ou após a sua morte, o Bacillus anthracis é capaz de produzir endósporos que podem resistir a condições extremas, tais como altas temperaturas, seca ou radiação UV (Não produz esporos in vivo). Esporos de Bacillus anthracis persistem no solo ao longo de muitos anos. A partir daí, podem espalhar-se quer nos cursos de água quer através do movimento de aves, insetos e outros animais selvagens. Os animais são normalmente infetados através da ingestão de esporos presentes no solo, na água ou na comida contaminada.
Bioterrorismo
A produção de esporos de Bacillus anthracis em laboratório é relativamente fácil e como tal, esta bactéria é considerada como uma potencial e perigosa arma biológica pelo fato de ser possível a sua dispersão e transmissão até às vias respiratórias através dos esporos. A forma inalatória do carbúnculo, resultante da inalação de esporos de Bacillus anthracis, possui uma elevada taxa de mortalidade. Contudo, na prática, a conceção e a utilização de uma arma desse tipo são bem mais complicadas pois pressupõem a criação de uma névoa com esporos de um determinado tamanho e em número suficiente para serem inalados e infetar o sistema pulmonar. Por outro lado, fatores como as condições climáticas formam um entrave à utilização de uma arma desse género. Ataques por cartas, nas quais são colocados esporos de Bacillus anthracis, são mais comuns. O contato da pele com os esporos leva ao aparecimento da forma cutânea do carbúnculo que é facilmente tratada com antibióticos.
References:
Bergman, N. H. (2011). Bacillus anthracis and Anthrax. New Jersey: Wiley & sons.
Dromigny, E. (2009). Bacillus anthracis. Paris: Lavoisier.
Read, T. D. et al. (2003). The genome sequence of Bacillus anthracis Ames and comparison to closely related bacteria. Nature. 423, p81-86.