Psicopatologia do adulto

A psicopatologia do adulto advém, diz respeito a problemas do foro mental, associados, maioritariamente, a um desenvolvimento deficitário na infância.

Psicopatologia do adulto

A psicopatologia do adulto advém, diz respeito a problemas do foro mental, associados, maioritariamente, a um desenvolvimento deficitário na infância. São diversas as razões que levam a este quadro clínico, podendo elas ser originadas por doença ou mesmo por ambientes menos adequados.

Mello, Faria, Mello, Carpenter, Tyrka e Price (2009) explicam a psicopatologia no adulto mediante o histórico infantil, no qual, encontramos, muitas vezes, relatos de maus tratos, associados ao quadro psicopatológico.

Outro tipo de origem associada ao desenvolvimento de uma psicopatologia é a prevalência de vários episódios de internamento hospitalar, sintomas graves de diferentes doenças que despoletaram quadros depressivos e ainda o risco de suicídio (Manfro, Isolan, Blaya, Santos, & Silva, 2002).

Segundo Gonçalves e Heldt (2009) é, por isso, fundamental, ao avaliar traços de psicopatologia no adulto, compreender o histórico de perturbações na infância, como é o caso da ansiedade, uma das mais observadas, uma vez que a mesma pode ter-se perpetuado com o avanço da idade, tornando-se patológica. Nestas circunstâncias e para minimizar os danos na vida adulta, é imprescindível que os problemas associados à perturbação de ansiedade, na infância, sejam alvo de intervenção nessa mesma fase de desenvolvimento ou o mais cedo possível, com o fim de evitar consequências à vida adulta (Gonçalves, & Heldt, 2009).

De acordo com os trabalhos de Manfro, Isolan, Blaya, Santos e Silva (2002), que corroboram estas teorias, é da opinião comum que a perturbação de ansiedade na infância, frequentemente se perpetua também na vida adulta, já que, vários estudos evidenciam que, crianças muito dependentes e medrosas, tornam-se, tendencialmente, adultos com perturbação e ataques de pânico, especialmente em situações, nas quais, têm de se confrontar com perdas ou separações.

Influência do ambiente

No caso dos maus tratos vividos na infância a tendência para quadros psicopatológicos na adultícia, principalmente, quando houve histórico clínico vem associada a problemas de saúde mental (Mello et al, 2009).

Quando se fala em maus tratos na infância e suas consequências em termos de psicopatologia no adulto, são referentes a relatos de abuso físico, sexual e emocional, além de negligência (Mello et al, 2009).

Existem ainda outros problemas psiquiátricos originados na infância que se associam também à questão dos maus tratos e que se traduzem em perturbação de personalidade no adulto, dependência de álcool, perturbação alimentar, ansiedade e ainda stresse pós traumático (Mello et al, 2009).

Outros estudos referem ainda sintomas de perturbação obsessivo-compulsiva (POC), fobia social e ansiedade generalizada, tradicionalmente provenientes de perturbação de ansiedade de separação, desenvolvida na infância (Manfro, Isolan, Blaya, Santos, & Silva, 2002).

Nesse sentido os estudos de Mello et al (2009) demonstram que são várias as razões que podem levar à evolução para a psicopatologia no adulto, nomeadamente, iniciadas no nascimento, no ambiente em que o indivíduo cresceu e se desenvolveu e no ambiente onde se insere no momento.

Em geral, é opinião comum, a presença de perturbação de ansiedade no adulto, desenvolvida ao longo da infância e que não foi sujeita à intervenção necessária, durante amediante a revisão da literatura, que a psicopatologia do adulto tem sempre, ou quase sempre, por base, a existência de psicopatologia, tal como a perturbação de ansiedade, iniciada na infância, a qual, não foi devidamente, alvo de intervenção profissional, aquando do seu surgimento (Gonçalves, & Heldt, 2009).

Na maioria dos casos, além da perturbação de ansiedade, é comum que, problemas menos bem resolvidos na infância, tendam para desenvolver, a longo prazo, perturbação de depressão na vida adulta (Manfro, Isolan, Blaya, Santos, & Silva, 2002). Estes estudos mencionam ainda que, simultaneamente com a depressão, é comum haver registos d agorafobia nestes indivíduos (Manfro, Isolan, Blaya, Santos, & Silva, 2002).

De referir que estas pesquisas demonstram a prevalência de perturbações iniciadas na infância, independentemente da cultura e do país de origem dos indivíduos (Gonçalves, & Heldt, 2009).

“… os transtornos de ansiedade na infância são preditores e podem atuar como fatores de risco para psicopatologias na vida adulta. Mesmo considerando que os locais de origem dos estudos foram em países diferentes, isto é, com diferentes culturas e hábitos, os resultados encontrados foram semelhantes” (Gonçalves, & Heldt, 2009, p. 537).

Tendo em conta as conclusões verificadas na maioria das pesquisas, é comum a todos os autores, a interpretação de que, qualquer tipo de psicopatologia no adulto, traz associado um padrão de comorbilidades originadas por perturbações adquiridas e desenvolvidas ainda na infância, com grande prevalência em altos graus de ansiedade (Manfro, Isolan, Blaya, Santos, & Silva, 2002).

Conclusão

Verificamos que a psicopatologia no adulto tem, quase sempre, associado um histórico de perturbações provenientes da infância que não foram alvo da intervenção necessária, o que levou à perpetuação do quadro clínico. Estas perturbações foram desenvolvidas, maioritariamente, no ambiente em que o indivíduo cresceu, propenso a situações geradoras de ansiedade e stresse, e, em muitos casos, maus tratos e abusos. No entanto, nem sempre significa que tenha havido histórico de maus tratos, pelo que existem casos de psicopatologia ligados a problemas de saúde físicos que condicionaram a saúde mental do indivíduo devido ao excesso de intervenção agressiva.

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References:

  • Gonçalves, Débora Hexel, & Heldt, Elizeth. (2009). TRANSTORNO DE ANSIEDADE NA INFÂNCIA COMO PREDITOR DE PSICOPATOLOGIA EM ADULTOS. Revista Gaúcha Enfermagem, Porto Alegre (RS) 2009 set;30(3):533-41. Acedido em 16 de dezembro de 2016 em http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/23641;
  • Manfro, Gisele Gus, Isolan Luciano, Blaya Carolina, Santos Lissandra, & Silva Maura. (2002). Estudo retrospectivo da associação entre transtorno de pânico em adultos e transtorno de ansiedade n infância. Revista Brasileira de Psiquiatria, 24(1), 26-29. (Manfro, Isolan, Blaya, Santos, & Silva, 2002);
  • Mello, M.F, Faria, A.A., Mello, A.F., Carpenter, L.L., Tyrka, A.R, & Price, L.H. (2009). Maus-tratos na infância e psicopatologia no adulto: caminhos para a disfunção do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal. Revista Brasileira de Psiquiatria. 2009;31(Suppl II): S41-8. Acedido a 16 de dezembro de 2016 em http://www.repositorio.unifesp.br/handle/11600/5292.
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