Ansiedade de separação

Quando falamos em ansiedade de separação, associamos, maioritariamente, à infância, quando a criança sofre com a separação dos pais.

Ansiedade de separação

Quando falamos em ansiedade de separação, associamos, maioritariamente, à infância, quando a criança sofre com a separação dos pais. Quando a situação começa a fugir ao equilíbrio emocional e a prejudicar a qualidade de vida, estamos perante uma patologia ansiogenica.

Sobre a ansiedade de separação, os estudos de Almeida (2014) compreendem que é algo natural durante o desenvolvimento infantil quando o assunto diz respeito aos responsáveis pela criança, como por exemplo, o choro de um bebé quando sai do colo da mãe.

Cezar, Souza e Coelho (2016) enfatizam estas características quando apontam para o facto de que, na maioria das vezes, a ansiedade de separação vem associada a relação com a mãe e que a mesma leva a problemas no desenvolvimento da criança.

É habitual que a criança vivencie uma sensação de saudade e episódios de choro quando passa bastante tempo longe da mãe, por exemplo, por questões de viagem, no entanto, quando a experiência se intensifica dramaticamente, começa a ganhar contornos de perturbação ansiosa (Almeida, 2014).

Torna-se mais intensa entre os cinco e os doze anos e é, na maioria das vezes, associada a separação em relação aos pais (Almeida, 2014).

A ansiedade de separação pode ser experimentada em diferentes situações como, episódios de festa ade aniversário em os momentos vividos com alegria e entusiasmo, passam a ser vividos como momentos de angústia e aflição por ausência das figuras parentais, ou quando a criança se encontra sozinha no quarto e começa a ter medo dessa solidão, procurando, desenfreadamente, estar perto dos pais, entre outras (Almeida, 2014).

A propósito de ficar sozinho no quarto, Almeida (2014) fala sobre o facto de se tornar um motivo de medo que despoleta ansiedade, quando a criança, para evitar ficar sozinha, começa a adotar comportamentos de evitamento na hora de ir dormir, quando pede para dormir com os pais ou ainda quando tem pesadelos constantes e perdas involuntárias de urina.

Alguns estudos, para melhor compreender a ansiedade de separação, distinguem o medo normal do medo patológico, já que se trata de uma sensação que está associada à conservação da espécie e que qualquer indivíduo experimenta o medo em diferentes situações (Cezar, Sousa, & Coelho, 2016). A situação torna-se patológica e ansiogénica quando vem associada a situações de medo de algo que pode não acontecer (Cezar, Sousa, & Coelho, 2016).

Os maiores problemas deste tipo de perturbação, são situações que se desencadeiam gradualmente e que inviabilizam o dia a dia normal, como atrasos na hora de sair de casa para a escola e o trabalho, preocupação constante dos pais que, devido a esta situação alteram as suas rotinas e ainda consequências na vida da criança como dificuldades de socialização, medo de ir à escola e de conviver com os colegas (Almeida, 2014).

Além disto, Almeida (2014) recorda que, por trás destas perturbações, encontramos, frequentemente, traumas do foro emocional como mudanças na vida da criança, perdas traumáticas, ou outras que desestabilizam o equilíbrio emocional.

Outros estudos associam ainda esta perturbação ao efeito negativo de um episódio vivenciado com alguém próximo da criança, a uma doença ou à morte, que desencadeiam sintomas tais como dores de cabeça e de barriga, vómitos, náuseas, entre outros (Cezar, Sousa, & Coelho, 2016).

Um dos maiores responsáveis pelo desenvolvimento de uma perturbação de ansiedade de separação, é a atual conjuntura que leva a que muitos pais tenham de emigrar e, consequentemente, são obrigados a separar-se dos filhos, em muitos casos (Almeida, 2014).

Como intervir?

“Podem ser muitos os motivos e/ou causas a desencadear o Transtorno de Ansiedade de Separação, devendo haver uma busca dedicada do terapeuta a fim de localizar o real motivo, assim melhorando o foco das técnicas e tratamento a serem aplicados.”

(Cezar, Sousa, & Coelho, 2016).

Para minimizar ou promover a diminuição da perturbação, existem algumas atitudes que os pais podem tomar como reorganizar as rotinas e, nesse sentido, levar a criança a dormir no seu próprio quarto ou não permitir que falte as aulas (Almeida, 2014).

Outra forma de intervenção é, sempre que necessitem de se ausentar, os pais devem ter o cuidado de conversar com a criança informando-a de que vão sair, onde vão, o tempo que demoram e a hora a que regressam para que esta tenha noção da gestão do quotidiano (Almeida, 2014).

A autora indica que importa não criticar a criança quando esta tem um comportamento negativo como a birra, aquando da saída dos pais, uma vez que a repreensão está, muitas vezes, na origem da ansiedade (Almeida, 2014).

Conclusão

Verifica-se que, na maioria das vezes, a ansiedade de separação é diretamente associada aos pais e que provem de situações traumáticas experienciadas com grande intensidade e que impediram a criança de ultrapassar o trauma emocionalmente. As mesmas podem ser despoletadas em diferentes contextos e levam a situações prejudiciais no dia a dia, sendo imprescindível a atuação do psicoterapeuta.

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References:

  • Almeida, H. (2014). Ansiedade de separação na infância (ou quando 5 minutos são demasiado tempo para estar longe). Oficina de Psicologia [online] (2014). Citado 2017-07-11. Disponível em http://oficinadepsicologia.com/ansiedade-de-separacao-2/
  • Cezar, V.Y.C., Sousa, F.P., & Coelho, E.R. (2016). “Mãe, não vai embora tá?!” – A Ansiedade de Separação na Infância. Psicologado [online] (2017). Citado 2017-07-11. Disponível em https://psicologado.com/abordagens/psicologia-cognitiva/mae-nao-vai-embora-ta-a-ansiedade-de-separacao-na-infancia.

 

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