Conceito de política monetária
A política monetária na era keynesiana visava atingir o equilíbrio macroeconómico, definido pela estabilidade dos preços e o pleno emprego. A prioridade de cada um desses objectivos variava consoante o grau de ameaça à estabilidade que predominasse em cada período. Ou seja, o maior combate às pressões inflacionistas poderia passaria para segundo plano, caso o desemprego ultrapassasse determinados valores de referência. Da mesma forma, o oposto ocorreria quando a inflação se tornasse um problema mais premente que o desemprego.
A política monetária na teoria Keynesiana
A política sugerida por Keynes corresponde ao fundamento teórico de não-neutralidade da moeda, pelo menos no curto prazo, em que as flutuações no nível de liquidez da economia fossem uma causa importante da flutuação do nível do produto (PIB) e do emprego. Por um lado, a disponibilidade de moeda afectaria diretamente a economia real, ou seja, o nível de produção da economia, porquanto a procura de bens e serviços dependeria do acesso à moeda enquanto meio de pagamento. Além disso, a moeda é também vista como uma forma de riqueza que pode ser acumulada sob outras formas, como por exemplo, bens de consumo duradouros. A política monetária keynesiana convergia para à aceitação da relação da curva de Phillips, – relação inversa definida entre o nível de emprego e taxa de inflação – e deste modo, ainda que não fosse uma tarefa fácil, a autoridade monetária poderia definir a política monetária a ser implementada, de modo que, a economia estivesse no ponto mais próximo do pleno emprego sem que se registasse o aumento de pressões inflacionistas.
Na economia monetária, as taxas de juro de longo prazo, através de efeitos de substituição, induziriam a aumentos ou a reduções de montantes de investimento privado; enquanto que, na economia real, através do multiplicador keynesiano, essas variações eram observadas no consumo, fazendo com que a procurada agregada se movesse na direcção desejada.
O objectivo keynesiano em relação à política monetária era o de apresentar uma alternativa à teoria tradicional da moeda defendida pelos monetaristas, que descuidava dos aspectos monetários de dimensão real, ao que os clássicos chamaram de “dicotomia clássica”.
A procura de moeda não se limitava somente ao seu uso para transacções correntes ou financeiras. A componente especulativa ganhava importância à medida que as taxas de juro eram determinadas não por factores reais, mas monetários. Como a procura de moeda é uma função da preferência pela liquidez, e esta condicionada pela taxa de juro, de acordo com a visão keynesiana, logo a procura de moeda é uma correlação inversa da taxa de juro. Assim, a taxa de juro de equilíbrio, será a mesma sob a qual a quantidade de moeda procurada se ajusta à quantidade de moeda oferecida. Assim, todas as demais taxas podem provocar o excesso ou a falta de moeda no que toca à quantidade de moeda oferecida.
No entanto, o uso das taxas de juro como principal ferramenta de controlo da procura de moeda pode ter efeitos menos favoráveis à economia, devido a redução do nível de investimento e consumo. Com efeito, supõe-se que uma subida da taxa de juro tenha como consequência a redução acentuada do nível de investimento devido ao aumento do custo de capital, ainda que o consumo sofra uma elevada contração devido ao maior custo em deter moeda. Neste cenário, a taxa de juro poderá provocar fortes desequilíbrios na economia real, visto que a redução do investimento e do consumo podem ter repercussões no aumento da taxa de desemprego.
Apesar de existir um aparente consenso sobre o facto de o aumento da oferta de moeda, qualquer que seja o nível de preços, determina uma diminuição da taxa de juro de equilíbrio, fazendo com que ocorra uma expansão da procura agregada, no entanto face um cenário recessivo, a procura de moeda pode ser insensível as taxas de juro.