Nascimento | 27 de Julho de 1867, Lérida, Catalunha, Espanha |
Morte | 1916, Canal da Mancha |
Ocupação | Pianista e compositor |
Principais obras | «María del Carmen», «Trez danzas españolas», «Collección de tonadillas, escritas en estilo antiguo», «Goyescas», «Escénas Romanticas», «10 Danças Espanholas» etc. |
Primeiros anos
Enrique Granados nasceu no dia 27 de Julho de 1867, em Lérida, na Catalunha, filho do capitão espanhol de origem cubana Calixto Granados, e da galela Enriqueta Campiña. O talento musical de Granados foi revelado ainda em criança. Estudou solfejo e um pouco de teoria musical na sua cidade natal, com José Junceda e, depois, mudou-se para Barcelona, ingressando na Escolanía de la Merced, cujo director era Francisco Jurnet. Na capital catalã recebeu lições de piano e de composição, respectivamente, de Juan Pujol e Felipe Pedrell.
Em 1887, com 20 anos, transferiu-se para Paris. Embora não tenha podido frequentar o Conservatório da cidade, estudou com um dos professores da instituição, Charles-Wilfrid de Bériot. Com ele, apurou o refinamento do som, que viria a influenciar o seu próprio ensino na técnica do pedal, além de ter desenvolvido as suas capacidades de improvisação. Enquanto viveu na capital francesa, partilhou habitação com o amigo e conterrâneo, também pianista, Ricardo Vinyes.
O regresso a Barcelona
Granados regressou a Barcelona em 1889, onde actuou de modo memorável no Teatro Lírico. Em 1892, além do concertista, começou a ser a conhecido o compositor, com a apresentação das suas primeiras três danças («10 Danças Espanholas», compostas entre 1892 e 1900). Em 1898, em Madrid, dirigiu a sua primeira ópera «María del Carmen», sendo agraciado pela rainha no final com a Orden de Carlos III. Esta ópera, descrita muitas vezes como a «Cavalleria Rusticana» espanhola com um final feliz, embora esquecida nos dias de hoje, é considerada a sua melhor obra no género.
Em 1900, o compositor fundou uma sociedade de concertos clássicos em Barcelona e, em 1901, a sua própria escola de piano, a Academia Granados. Enrique Granados ficou famoso como um pianista brilhante, especialmente das suas próprias obras, notadas pela sua elegância e poesia. O pianista acompanhou também grandes violinistas, como Manén, Isaye, Crikboom e Thibaud e actuou ao lado de outros pianistas, Risler, Saint-Sáens e Malats, nomeadamente, em obras escritas para dois pianos.
Em 1911, concluiu aquela que é considerada largamente a sua maior obra, «Goyescas», uma suite com seis peças para piano, que fazem parte, hoje, do repertório standard romântico para piano. O próprio Granados compôs, depois, uma ópera baseada nesta suite, em 1915, que estreou em Nova Iorque, em 28 de Janeiro de 1916.
Morte
A estreia de «Goyescas» em Nova Iorque foi de tal modo um êxito que o compositor foi convidado para fazer um recital para o presidente dos Estados Unidos da América, Woodrow Wilson, na Casa Branca. Ao aceitar o convite, perdeu a viagem de barco que o levaria directamente para Espanha, circunstância esta que viria a causar a sua morte prematura.
Granados decidiu, então, não esperar por um barco que o levasse directo ao destino e embarcou para Inglaterra, onde depois tomou um ferry para França. O músico e a mulher morreram afogados depois do “Sussex” ter sido torpeado por um submarino alemão no Canal da Mancha, deixando os seus seis filhos órfãos. Vivia-se, na época, a I Guerra Mundial.
Esta morte abrupta privou a Espanha de um dos seus maiores músicos. Granados foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento da escola nacionalista espanhola, fundindo a música popular espanhola à música clássica, sobretudo romântica. Muitas das suas canções são, por exemplo, baseadas no estilo das tonadillas do século XVIII. No entanto, o facto de ter morrido ainda novo, com 48 anos de idade, contribuiu em larga medida para que não atingisse a notoriedade de outros compositores, como Isaac Albéniz
Não obstante, é seguro afirmar-se que os seus conterrâneos Manuel de Falla e Pablo Casals sofreram da sua influência, assim como Camille Saint-Saëns e Edvard Grieg. Além de mais, foi um grande pedagogo e da escola que o próprio fundou saíram alguns dos melhores pianistas catalães. Entre os seus vários alunos, destaca-se o nome da compositora Rosa García Ascot, a única mulher do “Grupo dos Oito” (um grupo de oito compositores que se opuseram ao conservadorismo musical em Espanha, moldado à semelhança do “Grupo dos Seis” e do “Grupo dos Cinco”).