Gershwin, George

Biografia do compositor norte-americano George Gershwin (1898-1937), que compôs desde canções populares, a musicais e grandes obras orquestrais.

Nascimento 26 de Setembro de 1898, Nova Iorque, Estados Unidos
Morte 11 de Julho de 1937, Los Angeles, Estados Unidos
Ocupação Compositor
Canções principais «Swanne»; «The Man I Love»; «Embraceable You»; «I Got Rhythm»;  «S Wonderful»; «Lady Be Good», «Love Walked In»; «Of Thee I Sing»
Musicais principais «La, La, Lucille»; «Lady Be Good»; «Oh! Kay!»; «Strike up the Band»; «Girl Crazy»; «Thee I Sing»; «Porgy and Bess»
Obras orquestrais principais «Rhapsody in Blue»; «Um Americano em Paris»; «Abertura Cubana»; «”I Got Rhythm’ Variations»

Primeiros anos

George Gershwin (Jacob Gershovitz) nasceu no dia 26 de Setembro de 1898, em Nova Iorque. O músico foi o segundo de quatro filhos de Morris e Rose Gershovitz, emigrantes russo-judaicos que se fixaram nos Estados Unidos por volta de 1893.

Era suposto ter sido o seu irmão mais velho, Ira, a tornar-se músico, mas exposto à música desde cedo, surpreendeu a família ao tocar um canção, quase de ouvido, com onze anos de idade, no piano que tinha sido comprado para o irmão receber aulas de piano. Os seus pais decidiram, então, que seria George a receber essas aulas.

Gershwin estudou piano com Charles Hambitzer, uma das suas maiores influências, que o introduziu à música de Debussy, Ravel, aos primeiros trabalhos de Schönberg e à música do período clássico. Estudou, ainda, teoria e harmonia com Edward Kilenyi, para quem viria a escrever um quarteto de cordas, em 1919. Entre os músicos que admirava encontravam-se Irving Berlin, Liszt e os pianistas que actuavam, na altura, em Nova Iorque, como Josef Lhevinne, Josef Hoffmann e Ferruccio Busoni.

Início da carreira

Abandonou a escola com 15 anos de idade para trabalhar como pianista e propagandista de canções para Jerome K. Remick, um editor de música popular, ao mesmo tempo que se dedicava aos seus primeiros esforços na composição. Escreveu a sua primeira canção publicada, «When you want ‘em you can’t get ‘em» em 1916 e, também nesse ano, outra das suas canções foi usada num espectáculo de Sigmund Romberg.

O primeiro grande sucesso de Gershwin foi a canção Swanee, escrita em 1917, que passou a estar associada a Al Jolson, desde 1919. O ano de 1919 ficou ainda marcado pela escrita do seu primeiro musical, «La, La, Lucille». Durante os 14 anos seguintes os musicais de Gershwin tornaram-se característicos dentro da vida teatral de Nova Iorque.

Rhapsody in Blue

Entre 1920 e 1924, o músico compôs para as produções anuais de George White, Scandals, que produziu standards como «I’ll Build a Starway to Paradise» ou «Somebody Loves Me». Para a produção de 1922, Gershwin convenceu White a incluir uma ópera de um acto jazzística, «Blue Monday» (mais tarde renomeada «135th Street»), que não foi bem recebida e, por isso, foi retirada do espectáculo depois de uma apresentação. No entanto, Paul Whiteman, que conduzia a orquestra, ficou impressionado com a obra. Os dois músicos partilhavam o objectivo de trazer respeitabilidade ao jazz enquanto género musical também adequado para concerto. Para este efeito, Whiteman pediu a Gershwin que escrevesse uma peça a ser incluída num concerto titulado “An Experiment in Modern Music”, que aconteceria em 1924. O resultado foi «Rhapsody in Blue», uma obra que aplicava as linguagens do jazz a uma obra de concerto, e se tornou num dos seus trabalhos mais conhecidos, senão o mais conhecido.

Daí até ao fim da sua vida produziu obras em larga escala. Para além de canções, muitas com textos do seu irmão mais velho, Ira, cuja parceria única é igualmente conhecida, escreveu musicais, obras orquestrais e, a partir de 1931, música para cinema.

George Gershwin

Canções populares

Entre as várias canções que fizeram parte de vários dos seus espectáculos nos anos 20 e 30, contam-se as seguintes: «Fascinating Rhythm», «Oh, Lady Be Good», «Sweet and Low-Down», «Do, Do, Do», «Someone to Watch Over Me», «Strike Up the Band», «The Man I Love», «I’ve Got a Crush on You», «Bidin’ My Time», «Embraceable You», «But Not for Me», «Of Thee I Sing», «Isn’t It a Pity» «S Wonderful».

Musicais

Vários dos seus musicais para a Broadway foram um sucessos estrondosos na época, como «Lady, Be Good!» (1924), «Oh, Kay!» (1926), «Strike Up the Band» (1930), «Girl Crazy» (1930) e, especialmente, a sátira política «Of Thee I Sing» (1931). Ira Gershwin, juntamente com George S. Kaufman e Morrie Ryskind (texto) receberam o Prémio Pulitzer pelo drama (as regras do Pulitzer não permitiam que os compositores compartilhassem o prémio). Estes musicais não são globalmente recordados, hoje em dia, salvo a música de Gershwin. Ironicamente, o musical «Porgy and Bess», que não foi recebido da mesma forma aquando da sua apresentação em 1935, é o mais recordado.

Orquestra

Em 1925, Gershwin foi comissionado pela Symphony Society of New York para escrever um concerto, trabalho este que se revelou um desafio para o compositor dado que nunca tinha escritor nada para este efeito. O resultado foi o «Concerto em Fá Maior» que, apesar de não ter sido recebido pelo público da mesma forma que a «Rhapsody in Blue», é agora considerado um dos seus trabalhos mais importantes e, provavelmente, o concerto americano mais popular.

«Um Americano em Paris», de 1928, inspirada nas viagens do compositor a Paris durante os anos 20, tornou-se na sua segunda composição orquestral mais conhecida, especialmente depois de fazer parte do musical com o mesmo nome, de 1951, 23 anos depois da estreia da obra.

Entre os seus trabalhos orquestrais salientam-se, ainda, a «Abertura Cubana» (1932) e «”I Got Rhythm” Variations» para piano e orquestra (1934).

Cinema

O compositor musicou os seguintes filmes: «Delicious» (1931), «Shall We Dance» (1937), «A Damsel in Distress» (1937), «The Goldwyn Folies» (1938, estreou postumamente), «The Shocking Miss Pilgrim» (1947 e «Kiss Me, Stupid» (1964). Nos últimos dois foram utilizadas canções que não tinham sido publicadas anteriormente. Ira Gershwin escreveu a letra de melodias deixadas pelo irmão para este efeito.

Morte

No início de 1937, Gershwin começou a sentir dores de cabeça, tonturas e perdas de memória breves. Os exames não revelaram nada mas a severidade dos sintomas continuou a aumentar. No dia 9 de Julho, o músico entrou em coma e foi-lhe diagnosticado um cancro no cérebro. A Casa Branca enviou um dos maiores especialistas do país mas pela altura em que chegou, já cirurgiões locais tinham-se visto obrigados a operar, descobrindo que nada poderia ser feito.

O compositor não acordou do coma e faleceu no dia 11 de Julho, a dois meses de completar os 39 anos.

Legado musical de Gershwin

As canções de Gershwin guardam a essência dos anos 20 em Nova Iorque e merecem ter-se tornado clássicos desse tipo. São parte da tradição da canção popular, difundidas via tradição oral. As suas obras mais ambiciosas são notáveis, especialmente do ponto de vista melódico, mas revelam, por vezes, algumas deficiências do ponto de vista do contraponto ou da teoria, fruto de uma educação musical pouco sistemática.

No entanto, estas deficiências empalidecem perante os seus dotes melódicos e são irrelevantes para o estatuto que ocupa hoje. Gershwin é um dos quatro maiores compositores para teatro americano (juntamente com Irving Berlin, Cole Porter e Richard Rodgers) e foi o único compositor de música popular do século XX a ter um impacto significativo no mundo da música clássica. Entre os grandes admiradores de Gershwin estiveram compositores como Arturo Toscanini, Fritz Reiner, Arnold Schönberg, Maurice Ravel, Sergei Prokofiev e Alban Berg. Schönberg e Ravel recusaram até dar aulas a Gershwin invocando uma razão semelhante: ele já era demasiado bom enquanto Gershwin, não era necessário ser um Schönberg ou Ravel de segunda categoria.

O musicólogo Hans Keller sintetizou o impacto de Gershwin na seguinte frase: “Gershwin is a genius, in fact, whose style hides the wealth and complexity of his invention. There are indeed weak spots, but who cares about them when there is greatness?”.

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References:

Erb, J. (1994-1996). George Gershwin. Em http://www.classical.net/music/comp.lst/articles/gershwin/biography.php

Kennedy, M. (1994). Dicionário Oxford de Música. Publicações Dom Quixote.

The Editors of Encyclopædia Britannica (2015). George Gershwin. Em http://www.britannica.com/biography/George-Gershwin

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