Ballet

Este artigo tem como objectivo definir e abordar a evolução do ballet ao longo da história.

O conceito

O ballet é um espectáculo de dança, no qual os bailarinos contam uma história ou exprimem um estado de espírito, com acompanhamento de música. Foi desenvolvido nos séculos XVI e XVII, especialmente reinado de de Luís XIV (entre 1643-1715), quando Lully era responsável pela música da corte. Os ballets desse período, dançados pelos membros da corte, eram muito formais, adequados ao vestuário muito pesado da época. Está convencionado que o primeiro ballet terá sido o «Ballet comique de la Royne», apresentado em Paris, no ano de 1581.

Abaixo encontra-se a evolução do ballet de acordo com as épocas subsequentes.

Época clássica

A bailarina Marie Camargo (1707-1770), responsável pela introdução de várias inovações – vestidos mais amplos, saias a cair abaixo do joelho – introduziu um estilo de ballet vigoroso que incluía saltos de grande altura.

J.G. Noverre (1727-1810) rejeitou as convenções existentes, como o uso de assuntos mitológicos, e impôs ordem nas danças, estabelecendo o ballet de cincos actos, tornando-se, assim, o fundador do ballet dramático ou ballet d’action. Colaborou com Gluck e Mozart em ballets operáticos e escreveu um importante tratado sobre o ballet.

Outros grandes mestres do mesmo período foram Dauberval (1742-1806), Gaetano Vestris (1792-1808) e Pierre Gardel (1758-1840). Salvatore Vigano (1769-1819), para quem Beethoven compôs «Die Geschöpfe des Prometheus», continuou o trabalho de Noverre.

No final do século XVIII, o ballet já estava quase emancipado das influências cortesãs e desenvolvera um certo virtuosismo ginástico, embora o movimento ainda se confinasse às pernas e pés.

Época romântica

O típico movimento associado ao ballet, dançar com pontas, surgiu no ano de 1814. Este movimento implica um trabalho árduo, requer sapatos especiais e aumenta o risco de distensões. A bailarina Marie Taglioni (carreira de 1822 a 1847) foi o primeiro expoente de nota a dançar com pontas.

O movimento romântico introduziu neste tipo de espectáculo uma tentativa de informalidade etérea. O vestuário tornou-se mais curto e o maillot, justo ao corpo, foi introduzido de forma ousada para a época.

A partir de meados do século, tornaram-se frequentes os ballets espectaculares, de carácter realista ou temático, e foi composta muita música para ballet, especialmente por compositores franceses. Os ballets «Giselle» (1841) de Adolphe Adam e «Coppélia» (1870) de Delibes marcaram a época.

O ballet como parte integrante da ópera foi muito popular na primeira metade do século XIX, especialmente em Paris, onde era praticamente obrigatório. Algumas óperas de Rossini e Donizetti incluem ballets e Verdi, perante a exigência parisiense, escreveu música de ballet para  a estreia de «Otello» em 1894. Até Wagner teve de introduzir um ballet no «Tannhäuser» para aplacar o público de Paris. A figura mais importante do ballet na ópera foi Meyerbeer.

Este espectáculo firmou uma tradição forte na corte imperial russa, dada a influência francesa nesta, e era frequentemente apresentado em São Petersburgo e Moscovo. Ambas as cidades detinham, há muito, escolas de ballet, onde a técnica era muito aperfeiçoada mas a música constituía uma área negligenciada. Tchaikovsky foi o responsável pela mudança musical através de ballets como «O Lago dos Cisnes» (1876), «A Bela Adormecida» (1889) e o «Quebra-Nozes» (1892).

Época contemporânea

Também o ballet, à semelhança do restante panorama do mundo da música, enfrentou reformas revolucionárias neste período. Estas reformas devem-se especialmente, mas não só, a duas pessoas: a americana Isadora Duncan (1878-1927) e o russo Serge Diaguilev (1872-1929).

Duncan, inspirada pelo classicismo alemão e pelos movimentos da natureza (pássaros, ondas etc), rejeitava as fórmulas convencionais do ballet. Viajou pela Rússia onde a sua ambição foi alcançada depois de encontrar Diaguilev, empresário e produtor de ópera.

Diaguilev, tendo noção da impossibilidade de apresentar reformar radicais na corte imperial russa, aproveitou a aliança Franco-Russa, e estabeleceu os Ballets Russes, em Paris, no ano de 1909, juntando coreógrafos como Folkine e bailarinos como Nijinski, Pavlova e Karsavina. As partituras eram encomendadas a músicos contemporâneos como Ravel, Stravinsky, Strauss e Debussy. Os cenários estiveram nas mãos de artistas como Picasso ou Bakst. Diaguilev introduziu ballets de um acto (preenchendo um sarau com dois ou três ballets) e usava arranjos de música que não se destinava a ballet como a base do seu sucesso. O exemplo mais famoso é o uso de peças de Chopin para a apresentação de «Les Sylphides» (1909). Depois da I Guerra Mundial, prejudicial ao funcionamento dos Ballets Russes, a maior parte das figuras principais, como Serge Lifar, Léonide Massine e George Balanchine, abandonou a companhia de Diaguilev.

O virtuosismo dos bailarinos e o constante desenvolvimento artístico dos coreógrafos trouxe, com sucesso, um vasto repertório musical não “ballético” às apresentações de ballet. Não obstante, a composição de música para esse efeito prosperou através de Prokofiev (considerado o herdeiro de Tchaikovsky), Bartók, Copland, Shostakovich, Henze, Hindemith, Britten e outros.

O impacto das produções de Diaguilev noutras cidades europeias foi notável. Em Inglaterra, levou à formação da Sociedade Camargo, em 1930, que tinha como mentores o economista Maynard Keynes, o seu irmão Geoffrey Keynes e Ninette de Valois. Em Paris surgiram os Ballets Suédois, sob a direcção de Rolf de Maré. Na Europa salienta-se, ainda, o Ballet Jooss do coreógrafo alemão Kurt Jooss.

O ballet foi também levado para os EUA através de antigos associados de Diaguilev, como Balanchine. Posteriormente, as figuras-chave neste país foram Mary Wigman, Martha Graham, Paul Taylor e Louis Horst.

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References:

Kennedy, M. (1994). Dicionário Oxford de Música. Publicações Dom Quixote.

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