Josef Mengele

Um olhar sobre um dos principais responsáveis pelas atrocidades cometidas em Auschwitz

Josef Mengele (1911-1979), que a História também relembra como “O Anjo da Morte”,1 foi um oficial e médico ao serviço das SS que, em nome do aperfeiçoamento da espécie humana e do domínio da raça ariana, torturou e matou milhares de prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau. Decidia quem vivia e quem morria com um simples aceno de mão.

Mengele nasceu a 16 de março de 1911, em Günzburg, na Alemanha, no seio de uma família católica e abastada, pois o pai possuía uma fundição que fabricava equipamentos agrícolas. Neste sentido, e dado que era o mais velho de três irmãos, Josef poderia ter dado continuidade ao negócio do pai, mas, consciente do seu formidável intelecto, optou pelo estatuto académico. Estudou Medicina e Antropologia em Munique (cidade que, no início dos anos 30, estava mergulhada nas doutrinas racistas do Partido Nacional Trabalhista da Alemanha) e desenvolveu um gosto particular pela genética, pela hereditariedade e pelo eugenismo. Depois de ter defendido a tese do seu doutoramento, intitulada «Pesquisa Morfológica Racial sobre a Secção do Maxilar Inferior em Quatro Grupos Raciais», começou a estagiar no Hospital Universitário de Leipzig, onde conheceu Irene Schoenbein, sua futura esposa.

Em janeiro de 1937, Josef Mengele foi nomeado investigador-assistente no Instituto do Terceiro Reich para a Hereditariedade, Biologia e Pureza Racial, na Universidade de Frankfurt, e começou a trabalhar com Otmar Freiherr von Verschuer (1896-1969), um prestigiado geneticista que pesquisava gémeos e admirava Adolf Hitler. Mengele começava, assim, sob a influência deste médico e professor, a traçar o caminho que o levaria a torturar milhares de gémeos em Auschwitz. Também, nesse mesmo ano, decidiu filiar-se no Partido Nacional-Socialista.

Entretanto, já casado, foi no ano de 1940 que Mengele ingressou no exército, mais especificamente nas Waffen SS. Porém, só um ano depois é que contactou com a realidade do campo de batalha, quando o transferiram para a Ucrânia, e recebeu a Cruz de Ferro de Segunda Classe. Em 1943 foi, então, enviado para o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, onde personificou uma das maiores perversões da medicina.

Para aperfeiçoar a raça superior, estudou particularmente gémeos ciganos e judeus com o intuito de analisar e verificar se a reprodução do povo alemão poderia ser melhorada. Determinava as características idênticas em cada par de gémeos, diferenciando-as das que apresentavam alguma variação. Assumia que as características idênticas eram herdadas e que as restantes eram herdadas por fatores externos. Assim, segundo o seu raciocínio, a população da Europa poderia ser controlada e geneticamente manipulada até à perfeição.

As crianças estavam presas e eram injetadas e lancetadas na espinha, olhos, ou outros órgãos internos com os mais variados produtos químicos e, muitas vezes, sem qualquer anestesia. Também submeteu anões, ou corcundas (que, na sua perspetiva, eram deformações da espécie humana) a terríveis torturas com o objetivo de proteger o povo alemão e apurar a espécie.

No entanto, em janeiro de 1945, com a invasão iminente do Exército Vermelho, Mengele fugiu de Auschwitz, levando consigo todos os registos que pôde relativos às suas experiências. Desse ano até à sua morte, em 1979, não parou de fugir.

Numa primeira fase, ainda se manteve na Alemanha, mas, em 1949 e com o apoio financeiro da família, partiu para a Argentina. No entanto, nos anos 60, a Mossad (serviço secreto de Israel) foi informada do seu paradeiro em Buenos Aires e tentou capturá-lo. Contudo, Mengele conseguiu fugir para o Paraguai e, finalmente para o Brasil, onde viria a morrer afogado.

Muitos historiadores acreditam que, durante a sua permanência em Cândido Gódoi, uma pequena aldeia isolada que faz fronteira com a Argentina, no Brasil, Mengele terá continuado as suas experiências macabras, já que a taxa de nascimento de gémeos disparou nesse mesmo local.

1 Esta designação foi-lhe atribuída devido ao facto de, na maior parte das vezes, não só apresentar-se imaculadamente vestido com a sua bata branca, mas também ostentar um sorriso calmo e imperturbável de profunda satisfação durante os rituais de morte.

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References:

Posner, Gerald L. e Ware, John. Mengele. Tradução de José Pinto de Sá. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2006

 

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