Holocausto

Os dolorosos factos do Holocausto, por mais que escapem à apreensão de quem não o experienciou, podem ser “resumidos” em algumas linhas principais.

Os dolorosos factos do Holocausto, por mais que escapem à apreensão de quem não o experienciou, podem ser “resumidos” em algumas linhas principais.

Quando Hitler e o partido Nacional-Socialista ascenderam ao poder na Alemanha em 1933, avançaram imediatamente com um conjunto de medidas contra os judeus. Previamente à tomada do poder, os nazis, sob a chancela de Hitler, culparam aberta e veementemente os judeus por todas as derrotas e debilidades que assaltaram a Alemanha no clima sucedâneo à 1ª Guerra Mundial. Adquirido o poder necessário, os nazis começaram por implementar medidas que passavam pelo aproveitamento do aparelho legal do estado alemão, de modo a restringirem os acessos à população judaica. Tais medidas privaram inexoravelmente os judeus dos direitos de cidadania e da capacidade de viverem o seu quotidiano. Complementarmente às medidas legais, surgiram os ataques brutais de grupos de arruaceiros, que molestaram e aterrorizaram as comunidades judaicas. O mais extremo ataque ocorreu na noite de 9 de Novembro, em 1938, conhecida como a “Noite dos Cristais” (Kristallnacht), na qual mais de 1400 sinagogas foram destruídas, pelo menos 1500 pessoas morreram, e 26 mil homens foram levados para campos de concentração. Mas estas ações foram os preliminares de um plano mais atroz: a exterminação dos judeus. Durante os primeiros anos da 2ª Guerra Mundial, a Alemanha conseguiu conquistar grande parte da Europa continental, uma massa terrestre que abrigava milhões de judeus que se viram sujeitos ao controlo alemão.

Antes de mais, a exterminação dos judeus começou por obedecer à execução direta de indivíduos judeus por parte de soldados alemães e funcionários paramilitares do Estado – notavelmente, membros das SS. Embora as proporções deste gesto tenham tomado dimensões de grande escala, o plano de aniquilação era mais majestoso e elaborado, considerados os minuciosos sistemas de assassínio em massa: o campo de concentração, fábrica de exterminação equipada com câmaras de gás e crematórios para os corpos defuntos. O campo de concentração de Auschwitz, localizado na Polónia, foi o mais notório campo de extermínio, apesar de não ter sido o único. Somente em Auschwitz, 2 milhões de inocentes (a maior parte deles judeus, mas também minorias sexuais e étnicas) foram privados da vida, uma vez que na ideologia nazi, conspurcavam o estado utópico que se visava: gerido e controlado pelos arianos puros. Estima-se que os nazis tenham conseguido assassinar 6 milhões de judeus antes de terem sido detidos pela vitória dos Aliados. Este genocídio, este assassínio deliberado e sistemático de humanos, foi sem dúvida nenhuma o maior esforço de erradicação racial que a história conheceu.

Seguiu-se um período de um espantoso silêncio, mas não tardou muito até as enxurradas de respostas inundarem os meios académicos, principalmente por parte de historiadores, cientistas políticos, psicólogos e filósofos sociais. Na sua grande maioria, os sociólogos permaneceram um bom período silentes perante o Holocausto. Em cerca de 1979, um sociólogo judeu argumentou que era inexistente a literatura sociológica em torno do Holocausto, e em 1989, outro sociólogo atacou a disciplina ao acusar os seus praticantes de exercerem a sociologia do Holocausto mais como uma atividade coletiva de esquecimento. Apesar deste silêncio, as potencialidades da sociologia contribuir com pontos de vista sobre o Holocausto excedem as ambições de qualquer outra disciplina: por exemplo, a premissa que subjaz a própria noção de sociologia, isto é, a explicação da vida ordinária das pessoas a partir da vida social destas. Aplicada esta ideia ao Holocausto, um vasto número de atores tornou-se participante deste horror em massa. No que nos remete para o comportamento monstruoso, não são só os monstros que merecem uma análise sucinta, mas sobretudo os cidadãos ordinários, que na sua indiferença foram também participantes ativos e contribuidores para os terrores do genocídio.

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References:

Bauman, Z. (1989) Modernity and the Holocaust. Cornell University Press, Ithaca, NY.

Katz, F. E. (2004) Confronting Evil: Two Journeys. SUNY Press, Albany, NY.

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