Espartilho

O espartilho, corpete ou corset surgiu no vestuário feminino no século XVI, na Inglaterra de Rainha Isabel I, era usado como um apoio que permitia uma modelação exacta do corpo, principalmente do corpo feminino. E é sem dúvida uma das peças mais importantes e intrigantes da história da Moda, seja pela sua forma rígida ou pelo seu significado, o espartilho foi, e ainda é, um símbolo de sensualidade.

Uma peça condenada como repressora do corpo feminino e instrumento de tortura, odiada pelas sufragistas e feministas do século XX, anteriormente, foi também símbolo de status social, disciplina, respeito, beleza, juventude e sensualidade, valores que aparentemente estão a ser resgatados, ainda que com alguma desconfiança, na actualidade.

Espartilho

Partes do Espartilho

Um espartilho é basicamente uma peça do vestuário que cobre em geral a região abdominal do corpo, é constituído por várias camadas de tecido e é estruturado por barbas de baleia ou varas de material rígido (actualmente aço inox) que são inseridas em “bolsos” estreitos como canais dispostos, geralmente, verticalmente no espartilho. A peça é aberta na parte posterior e é ajustada ao corpo por meio de uma amarração, alguns modelos possuem ainda uma abertura frontal através de amarrações ou fechos de metal (busk) (KUNZLE, 2004).

O espartilho começou a ser utilizado no século XVI e continua a ser utilizado nos dias de hoje, mantendo o seu aspecto composto demarcando firmemente a silhueta femenina, deixando a mulher feminina e sensual. Essa peça tem como objectivo reduzir a cintura e manter o tronco erecto, controlando as formas naturais do corpo e conferindo a ele mais elegância.

Era geralmente usado apenas pelas mulheres e em meados do século XVII era usado inclusive por crianças: era costume que as meninas começassem a usar espartilhos desde os cinco anos de idade para adquirirem forma e comportamento delicado e feminino.

A rigidez era o principal atributo do espartilho. A redução da cintura era mínima, mas o busto era erguido e pressionado, e as costas mantidas numa postura recta e distinta, como era de se esperar de uma dama. Tal rigidez era alcançada com tecido pesadamente engomado, couro, juncos ou cordas engomadas inseridas em canais costurados entre as camadas de tecido. Para manter as formas ainda mais rectas, o busk, uma estreita placa de madeira ou marfim, era introduzido na frente, e poderia ser removido.

A rigidez era o principal atributo do espartilho. A redução da cintura era mínima, mas o busto era erguido e pressionado, e as costas mantidas numa postura recta e distinta, como era de se esperar de uma dama. Tal rigidez era alcançada com tecido pesadamente engomado, couro, juncos ou cordas engomadas inseridas em canais costurados entre as camadas de tecido. Para manter as formas ainda mais rectas, o busk, uma estreita placa de madeira ou marfim, era introduzido na frente, e poderia ser removido.

A silhueta espartilhada apenas ganhou forma durante o inicio do século XVI com a expansão das ideias renascentistas e entre elas o culto ao corpo, impondo novos padrões de beleza, o que resultou em severas e imponentes modificações no até então mortificado vestuário do período feudal. O desenvolvimento de novos cortes, volumes, bordados e trajes ajustados ao corpo foram características marcantes da corte e da realeza.

As roupas tornaram-se peças que delineavam a silhueta de uma forma bem estruturada e com o auxilio de enchimento, o então espartilho de forma curta passou a ser uma peça alongada até a altura dos quadris e a sua estrutura passou a ser inserida nas roupas superiores femininas ou masculinas.

O espartilho não mudou tanto entre a renascença e o rococó; a cintura veio um pouco mais abaixo, com incisões de alguns centímetros permitindo que acompanhasse a curva do quadril e dando maior conforto; as alças foram ficando mais comuns e o busto mais baixo, delineando formas mais arredondadas.

No século XVIII, as formas começaram a mudar. Com a revolução francesa e, posteriormente, a ascensão de Napoleão, as formas naturais começavam a ser valorizadas novamente. O estilo neoclássico chegava à moda, com formas fluidas e leves, e o corset foi quase completamente abandonado. Apenas as mulheres menos favorecidas pela natureza usavam o suporte. Mas isto seria breve, pois logo os corsets voltariam, num novo design. A barbatana de baleia daria mais flexibilidade mantendo o suporte, o que permitiria uma maior pressão sobre a cintura.

O espartilho apresenta uma variedade de aspectos quanto ao seu efeito tanto nas pessoas quanto na sociedade. Inicialmente, servia para achatar a forma feminina e maternal das nobres e da realeza, protegia o corpo das mulheres quase da mesma forma que a armadura deos seus maridos.

No decorrer do tempo o espartilho propunha pronunciar as formas do busto e afunilar o tronco em formato de cone e fazia com que as damas tivessem uma postura altiva e erecta. “Por muitos anos a silhueta permaneceu cónica até que na era vitoriana os espartilhos adoptaram a forma de ampulheta, dividindo a silhueta feminina ao meio e, para isso, deveriam ser apertados ao máximo.

espartilho

Dama com um Espartilho

Foi durante o século XIX, na era vitoriana, o auge do uso dos espartilhos e nela também o surgimento da técnica do tight-lacing. As ilhoses de metal permitiam um espartilho ainda mais apertado sem o perigo de rasgar o tecido, e o busk dividido em dois permitia fechar-lo e a abertura sem que fosse necessário desfazer a amarração. As cinturas foram ficando mais e mais estreitas.

O espartilho revela ambiguidades: cobre o corpo e revela as formas, mas também é justo ao corpo e achata e anula as formas. Dá uma postura de altivez às princesas e rainhas, mas também representa a resignação e submissão das mulheres vitorianas. Ao mesmo tempo em que aperta o corpo doloridamente pode também despertar prazer e admiração (STEELE, 1997).

Espartiho

Espartilhos ao longo dos Anos

Nos séculos seguintes a peça sofreu diferentes alterações em torno da silhueta até que em 1920 foi banida do guarda-roupa das mulheres elegantes. As formas neoclássicas, naturais e fluidas, voltariam à moda novamente, no começo do século XX. O sutiã já havia sido inventado, e começava a ficar popular entre as mulheres. Os tecidos elásticos também davam novas possibilidades de controlar as formas.

Mas entre o fim dos anos 1970 e os anos 1980, estilistas como Vivienne Westwood e Jean-Paul Gaultier trariam ao outwear e as grandes passarelas o espartilho de volta à moda, juntamente como um elemento de fantasia e de fetiche, especialmente do BDSM, como o couro, vinil, látex e as correntes.

A moda alternativa punk e gótica incorporou o espartilho como elemento fundamental. Dos anos 1990 em diante o espartilho tornou-se um elemento couture, e não é incomum encontrar um ou dois em cada colecção dos grandes estilistas e nas capas das grandes revistas de moda, como a Vogue.

Ainda que tenha deixado de ser peça básica, o espartilho jamais morreu. Seja por sua capacidade de modificar o corpo, restringir e disciplinar, seja somente pela atracção estética que provoca, os espartilhos permanecerá sempre vivo, senão na moda, ao menos na fantasia dos seus admiradores.

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References:

CALANCA, Daniela. História social da Moda. São Paulo: Editora Senac, 2008

CRANE, Diana. A moda e seu papel social: classe, gênero e identidade das roupas. São Paulo, Editora Senac São Paulo, 2006

KÖHLER, Carl. História do vestuário. 2.Ed. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2005

KUNZLE, David. Fashion and fetishism: corsets, tight-lancing & other forms of body-sculpture. London: Sutton Publishing, 2004

HOLLANDER, Anne. O sexo e as roupas: a evolução do traje moderno. Rio de Janeiro: Rocco, 2003

LAVER, James. A roupa e a moda: uma história concisa. 3° edição. São Paulo: Companhia das Letras, 2006

SABINO, Marco. O dicionário da Moda. 1° edição. São Paulo: Editora Campus, 2006

STEELE, Valerie. The corset: a cultural history. New Haven & London: Yale University Press, 2007

STEELE. Fetiche: sexo, moda & poder. Rio de Janeiro: Rocco, 1997

SUMMERS, Leigh. Bound to please: a history of the Victorian corset. Oxford: Berg Publishers, 2001

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