Ecdise

Este artigo apresenta o conceito de ecdise, descrevendo suas quatro etapas na qual animais, especificamente do filo Arthropoda, realizam durante a vida.

Conceito de Ecdise

Enquanto os vertebrados têm a sustentação do corpo garantida por meio de um esqueleto interno, outros animais possuem a mesma rigidez e proteção através de um esqueleto externo ao corpo, chamado de exoesqueleto. No entanto, o fato do exoesqueleto ser esclerotizado (endurecido) limita o crescimento do animal e para superar esse problema o exoesqueleto precisa ser trocado de tempos em tempos, num processo conhecido como ecdise. Especificando as informações deste artigo aos animais do filo Arthropoda, esse processo corresponde a até 90% da vida do animal e é considerado de alto risco porque cerca de 80% a 90% da morte natural dos artrópodes acontece nessa fase, já que a ecdise demanda muita energia para ser realizada e o animal passa por períodos de maior fragilidade durante o processo. A ecdise é controlada principalmente pelo hormônio ecdiesterona e é classificada em quatro etapas:

1) Intermuda: essa etapa corresponde aos hábitos de vida normais do animal que incluem a alimentação como forma primordial para o acúmulo de energia e, por vezes, a reprodução.

2) Pré muda: é a etapa em que as mudanças metabólicas começam de fato. Para entender o processo, é necessário conhecer a composição do exoesqueleto que é formado por três camadas: cutícula (camada superior), epiderme (camada intermediária) e membrana basal (camada inferior). O animal sessa a alimentação e passa a utilizar as reservas energéticas. Durante a pré muda, as células da epiderme secretam o líquido exuvial que reabsorve a cutícula antiga, ao mesmo tempo em que a própria epiderme começa a produzir uma nova cutícula.

3) Muda: é a etapa mais curta e a mais arriscada da ecdise. O volume causado pelo líquido exuvial, a pressão da hemolinfa (líquido corporal dos artrópodes) e a movimentação do animal rompem as áreas frágeis do exoesqueleto, criando assim a linha de fratura por onde o animal sairá. Após o abandono do exoesqueleto antigo, agora chamado exúvia, o animal ingere água ou ar e contrai a musculatura para expandir o corpo enquanto a nova cutícula ainda se encontra fina e incompleta.

4) Pós muda: nessa fase, a cutícula é formada em sua totalidade e o excesso de líquido é eliminado de modo que o novo exoesqueleto e os tecidos sejam redimensionados. Por fim, a cutícula passa pelo processo de esclerotização para tornar-se rígida; em crustáceos, há também o processo de mineralização, que é a incorporação de carbonato de cálcio na cutícula.

Exúvia de cigarra evidenciando a linha de fratura.

Exúvia de cigarra evidenciando a linha de fratura.
Foto: Eduardo Pigozzi

O período entre duas ecdises diferentes é denominado de instar. Animais pertencentes aos subfilos Chelicerata (aranhas, escorpiões, carrapatos etc.), Crustacea (caranguejos, lagostas, camarões etc.) e Myriapoda (lacraias e piolhos-de-cobra) realizam ecdises durante toda a vida. Já os integrantes da classe Insecta (insetos) só passam por esse processo durante o período juvenil.

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