Psicopatia

Conceito de Psicopatia

O conceito de “psicopatia” foi pela primeira vez introduzido na comunidade científica por Kraepelin, no início do século XX e surge, atualmente, na literatura, não raras vezes, associado ao conceito de personalidade antissocial.

Uma das mais significativas contribuições para o estudo da Psicopatia foi a de Cleckley que enumerou 16 características presentes no perfil de um individuo com psicopatia: 1) Encanto superficial e boa inteligência; 2) Inexistência de alucinações ou de outras manifestações de pensamento irracional; 3) Ausência de nervosismo ou de manifestações neuróticas; 4) Ser indigno de confiança; 5) Ser mentiroso e insincero; 6) Egocentrismo patológico e incapacidade para amar; 7) Pobreza geral nas principais relações afetivas; 16 8) Vida sexual impessoal, trivial e pouco integrada; 9) Ausência de sentimentos de culpa ou de vergonha; 10) Perda específica da intuição; 11) Incapacidade para seguir qualquer plano de vida; 12) Ameaças de suicídio raramente cumpridas; 13) Raciocínio pobre e incapacidade para aprender com a experiência; 14) Comportamento fantasioso e pouco recomendável com ou sem ingestão de bebidas alcoólicas; 15) Incapacidade para responder na generalidade das relações interpessoais; 16) Exibição de comportamentos antissociais sem escrúpulos aparentes.

Alguns autores assumem a psicopatia como uma perturbação de personalidade que comporta características interpessoais, afetivas e comportamentais, o que corrobora o que afirmava Cleckley quando dizia que a psicopatia comporta um défice no que toca à compreensão profunda dos sentimentos dos outros, embora a nível comportamental estes sujeitos aparentem compreender as emoções.

A Psicopatia é, muitas vezes, confundida com a Perturbação de Personalidade Antissocial dada a similaridade de conceitos, embora os dois conceitos não sejam sinónimos. A primeira diz respeito ao foro emocional, nomeadamente a sentimentos de falta de empatia e consideração pelos sentimentos dos outros, enquanto a segunda está mais ligada à parte comportamental, como por exemplo a comportamentos delinquentes.

A avaliação de psicopatia pode ser feita através dos seguintes instrumentos: Psychopathy Checklist – Revised (PCL-R) de Hare que pretende avaliar a psicopatia em adultos e que fornece uma perspetiva alternativa ao DSM-IV abordando as componentes não só comportamentais mas também afetivas; PCL-R – é uma checklist constituída por dois grupos: o fator 1 diz respeito a características interpessoais e afetivas, enquanto o fator 2 remete para uma componente mais comportamental. Posteriormente, foi criada uma versão teoricamente aplicável a adolescentes (PCL – Youth Version). Este instrumento encontra-se adaptado para a Língua Portuguesa, mas em especifico para o contexto brasileiro e não para Portugal. Antisocial Process Screening Device –  pretende avaliar os traços de psicopatia em pré-adolescentes. Trata-se de um questionário de 20 itens, que se divide em dois fatores: o fator Callous-unemotional, que diz respeito à componente de ausência de culpa, remorso e desconsideração pelos sentimentos dos 26 outros, e o fator Impulsividade/Problemas de Conduta. Este instrumento foi adaptado para a população portuguesa por Pechorro, Vieira e Vieira em 2012, e denomina-se Dispositivo de Despiste de Processo Anti-Social. Na versão portuguesa, este instrumento mantem os dois fatores da escala original: Traços Calosos/não-emocionais e Impulsividade/Problemas de Comportamento.

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