Hiperatividade com Défice de Atenção (PHDA)

A perturbação de hiperatividade com défice de atenção (PHDA), de acordo com Cordinhã e Boavida, é o distúrbio neurocomportamental mais…

Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção (PHDA)

A perturbação de hiperatividade com défice de atenção (PHDA), de acordo com Cordinhã e Boavida, é o distúrbio neurocomportamental mais frequente em crianças em idade escolar. Trata-se de uma perturbação comportamental e não, primariamente, de um problema disciplinar, sendo que muitas vezes é confundida com indisciplina ou até má educação. Podem existir problemas disciplinares associados à perturbação, mas estes não podem explicar a totalidade do quadro clínico. Os autores referem ainda que se trata de um distúrbio crónico, que afeta o desempenho académico, familiar, social e laboral, causando sofrimento tanto nas crianças como nas famílias.

Tomando como referência o autor Sauvé, e também o manual de diagnóstico das perturbações mentais, a PHDA é uma síndrome neurológica que comporta três características principais:

Falta de atenção: sendo que, com frequência, o indivíduo não presta atenção suficiente aos pormenores ou comete erros por descuido; apresenta dificuldades em manter a atenção focada em tarefas ou atividades; parece não ouvir quando se lhe fala diretamente; não segue as instruções e não termina trabalhos; tem dificuldades em organizar tarefas e atividades; evita, sente repugnância ou relutância em se envolver em tarefas que requeiram um esforço mental mantido; perde objetos necessários a tarefas ou atividades; distrai-se facilmente com estímulos irrelevantes; esquece-se das atividades quotidianas.

Hiperatividade: sendo que, com frequência, o indivíduo movimenta excessivamente as mãos e os pés, move-se quando está sentado; levanta-se em situações em que se espera que esteja sentado; corre ou salta excessivamente em situações inadequadas; apresenta dificuldade em dedicar-se tranquilamente a atividades de lazer; “anda” ou só atua como se estivesse “ligado a um motor”; fala em excesso

Impulsividade: sendo que, com frequência, o indivíduo se precipita ao dar respostas antes que as perguntas tenham sido feitas; demonstra dificuldades em esperar pela sua vez; interrompe ou interfere nas atividades dos outros.

De acordo com o manual anteriormente referido, para que o diagnóstico de PHDA seja estabelecido, seis ou mais dos sintomas de falta de atenção e/ou hiperatividade-impulsividade devem estar presentes e persistir por um período mínimo de 6 meses, sendo a sua intensidade desadaptativa e inconsistente tendo em consideração o nível de desenvolvimento. Estes sintomas surgem antes dos 7 anos, tanto em rapazes como em raparigas, e interferem com diferentes contextos, como em casa, na escola, trabalho, durante atividades recreativas, entre outros.

No manual de diagnóstico das perturbações mentais, a PHDA apresenta-se ainda classificada em 3 tipos:

PHDA, tipo misto: quando são preenchidos os critérios para falta de atenção e hiperatividade/impulsividade.

PHDA, tipo predominante desatento: quando são preenchidos os critérios de falta de atenção mas não de hiperatividade/impulsividade.

PHDA, tipo predominante hiperativo-impulsivo: quando são preenchidos os critérios de hiperatividade/impulsividade, mas não de falta de atenção.

Considerando Cordinhã e Boavida, podemos observar que a PHDA é a perturbação do desenvolvimento da infância e da adolescência mais estudada, e a qual apresenta uma prevalência de aproximadamente 7%. Observa-se também que é mais comum no sexo masculino, embora a diferença entre sexo masculino e sexo feminino seja menos evidente na adolescência. Acrescenta-se que, e de acordo com Fernandes e António, os sintomas da PHDA, nomeadamente a dificuldade de concentração e a impulsividade, podem persistir em cerca de 10-60% nos adultos, os quais se demonstram pouco organizados, impacientes, com dificuldade na planificação das atividades, com memória pobre e dificuldades na leitura e escrita.

Quanto a fatores que podem estar na origem da perturbação, as investigações apresentam dificuldades em revelar dados conclusivos. Não se conhecem ainda as causas da PHDA mas existem alguns fatores relacionados com a perturbação. Autores como Fernandes e António, Facion, e Monteiro, apontam: fatores genéticos; alterações bioquímicas; fatores neurológicos; fatores pré-natais e perinatais; entre outras causas como fatores alimentares, a exposição a metais pesados, a institucionalização ou privação afetiva precoce, o stress familiar, e outras situações traumatizantes ou ansiogénicas para a criança

A PHDA é geralmente diagnosticada quando a criança entra na idade escolar, embora os sintomas já possam estar presentes antes dessa fase. Para Facion, os principais sintomas podem persistir na adolescência e até na idade adulta. Em alguns casos é possível verificar uma remissão na puberdade e ainda na juventude. Esta remissão possibilita ao adolescente ou ao adulto uma vida mais produtiva, relacionamentos interpessoais gratificantes e poucas sequelas significativas. A maioria dos casos, no entanto, apresenta uma remissão apenas parcial, o que leva a uma maior vulnerabilidade face a outras perturbações.

De acordo com Maia e Verejão, fatores de bom e mau prognóstico podem ser identificados. Deste modo, temos como fatores de bom prognóstico o diagnóstico precoce; uma educação coerente; estabilidade familiar; adaptação e compreensão por parte dos professores; e a colaboração entre os pais e a escola.

Como, fatores de mau prognóstico assinalam-se o diagnóstico tardio; o fracasso escolar; uma educação demasiado permissiva ou excessivamente rígida; um ambiente familiar marcado pelo stress e/ou hostilidade/violência; problemas de saúde ou atrasos no desenvolvimento; e problemas familiares.

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